Vidas do mar homenageadas na Galeria do 11

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Até 23 de Novembro, na Galeria Municipal do 11 contam-se histórias e homenageiam-se calafates e todos aqueles que no mar encontraram a sua profissão e a sua forma de viver.


A exposição “Calafates e outras profissões ligadas à vida marítima” retrata a vida marítima setubalense e os diversos ofícios que lhe estão associados para que não nos esqueçamos do seu valor e da sua importância na construção da identidade da cidade de Setúbal.

Inserida nas comemorações do bicentenário do nascimento de António Maria Eusébio, poeta popular e calafate setubalense de profissão, a exposição desenvolve-se em torno desta profissão mas não esquece todos os homens e mulheres que ao longo do tempo foram pescadores, descarregadores e vendedores de peixe, trabalhadores nas fábricas conserveiras, construtores navais ou produtores de sal - porque tudo isto é Setúbal e tudo isto é nosso.

A exposição começa com uma breve nota introdutória sobre o tema. Segue-se uma sequência de fotografias captadas e reveladas por Francisco Borba, presidente da Liga dos Amigos de Setúbal e Azeitão, nas quais pode conhecer João Santos, o único calafate setubalense ainda activo, a executar a praticamente extinta arte de calafetar.

 

Ao entrar em contacto com João, Francisco tinha apenas o interesse de acompanhar um dia de trabalho de um calafate. O objectivo inicial não era expor as fotografias mas mediante o convite da autarquia para participar neste evento o autor não conseguiu dizer que não: “era irrecusável”. De dois dias de conversa entre os dois apaixonados por Setúbal resultaram 81 fotografias. As imagens que pode ver na exposição são produzidas integralmente, desde a revelação dos filmes à impressão, por Francisco, que considera que “não fazia sentido registar o trabalho de um artesão se não fosse outro artesão a fazê-lo”.

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O calafate desempenha a arte do calafeto e, para tal, são necessários os devidos instrumentos. Também eles estão em exposição na Galeria Municipal do 11. Neste momento da mostra, a magia acontece por podermos ver ao vivo as ferramentas com que realmente se reparavam os barcos. O que só é possível graças a uma doação de António Machado, que recolheu o material de um familiar de profissão calafate, para integrar a colecção do Museu do Trabalho Michel Giacometti.


Entre ferramentas, réplicas de barcos, livros e fotografias, de Américo Ribeiro, Maurício Abreu e outros, às quais devemos oferecer minutos da nossa atenção, perdemo-nos por momentos no espaço e no tempo. Fazemos uma viagem no tempo sem sair do lugar a tentar imaginar como seriam estas vidas do mar.


Voltamos ao presente. Os painéis presentes nas paredes da Galeria Municipal do 11 contam-nos também a história da evolução da construção naval em Setúbal, da Casa dos Pescadores e da actividade piscatória no rio azul. Aqui nem a rota bacalhoeira, a apanha e tratamento de ostras e a extracção e produção de sal ficam de fora.

 
 

A profissão de calafate pode ser desempenhada tanto em terra como na água. Da água para terra, e seguindo a linha da exposição, uma vez que estamos quase a chegar ao fim, a devoção marítima setubalense, tema presente na vivência diária das gentes do mar, não poderia faltar nesta exposição que a elas lhe presta tão profunda e bonita homenagem.

A“Rua Trabalhadores do Mar”, a “Travessa do Estaleiro” ou a “Travessa dos Pescadores” são algumas das moradas que em Setúbal não deixam esquecer a impactante tradição que o mar tem na nossa cidade. Até dia 23, também a Galeria Municipal do 11 será uma dessas moradas. Para visitar de terça a sexta, entre as 11H00 e as 13H00 e das 14H00 às 18H00. Aos sábados, apenas da parte da tarde. Não deixe passar esta oportunidade. Não se vai arrepender.

Fotografias e artigo escrito por Inspire Culture Lover