Esta é uma obra-prima de um dos maiores pintores portugueses do século XVI, Jorge Afonso, mas não pense que por ser uma pintura renascentista está ultrapassada. Prepare-se para ficar boquiaberto perante esta valiosa coleção.
Por causa das obras no Convento de Jesus, o retábulo, produzido entre 1519 e 1530, está agora no antigo edifício do Banco de Portugal. O que não deixa de ser irónico, tendo em conta o seu elevado valor. Os quadros foram colocadas em dois planos de modo a ficarem com uma disposição semelhante à original.
Conhecidos como primitivos de Setúbal, os 14 painéis dividem-se em três momentos - “As Alegrias da Virgem”, “A Paixão de Cristo” e “A Série Franciscana”.
A doação do retábulo terá partido de D. Leonor, uma vez que no painel “O Anjo coroa as Santas Clara, Inês e Coleta” distingue-se o desenho do camaroeiro, símbolo da soberana. Mas a marca foi entretanto encoberta, o que leva a crer que só foi terminada depois da sua morte e que as despesas foram assumidas por outro benemérito.
O mestre Jorge Afonso (1470-1540), nomeado pintor da Corte em 1508, foi considerado o melhor oficial de pintura do seu tempo. Pela sua oficina, junto ao Mosteiro de São Domingos, em Lisboa, passaram alguns dos mais notáveis pintores. Vasco Fernandes, que ficou famoso como Grão Vasco, foi um deles.
A Galeria Municipal do Banco de Portugal (entrada 1,5€) é o ponto de partida para um roteiro de Cultura Low Cost que o InspireSetubal preparou para si. Não podemos comprar todas as riquezas, até porque algumas, como este retábulo, não estão à venda, mas podemos sempre apreciá-las. E poder fazê-lo, mesmo aqui na avenida Luísa Todi, não tem preço.