A comunidade de roazes corvineiros que reside no estuário é pequena e vulnerável. São apenas 29 os exemplares, alguns já de idade avançada, outros ainda bebés.
Em Portugal, esta relíquia é exclusiva de Setúbal e, no mundo, é caso raro encontrar-se uma comunidade de golfinhos residente num estuário.
Sociáveis e curiosos, regra geral os golfinhos ficam satisfeitos sempre que recebem visitas.
Gostam até de dar um ar da sua graça. Sabe aquele casal amigo que está sempre a dizer “apareçam lá em casa”? Os roazes são assim.
Contudo, há regras para os visitar. E não estamos a falar de regras de etiqueta. O código de conduta para observação de golfinhos foi regulamentado pelo decreto-lei nº9/ 2006 com o objetivo de salvaguardar a tranquilidade e o bem-estar dos animais.
É importante manter um rumo paralelo e pela retaguarda dos golfinhos, de modo a que estes tenham um campo livre de 180º à sua frente. Os roazes não gostam de mudanças bruscas, seja de direção, velocidade ou sentido do rumo. Não deve nunca exceder-se a velocidade de deslocação dos animais.
Não permaneça mais de 30 minutos na proximidade de um grupo de golfinhos. É proibida a aproximação ativa a menos de 30 metros de qualquer golfinho. “Devemos deixar que sejam eles a aproximar-se de nós”, recomenda o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF). Em redor de um grupo, num raio de 100 metros, não podem estar mais do que três embarcações e é expressamente proibido perseguir, alimentar ou provocar a separação de grupos de golfinhos, especialmente o isolamento das crias.
Os roazes são excelentes anfitriões, mas quando se sentem ameaçados torcem a barbatana. Literalmente. Se vir um golfinho a bater repetidamente com a barbatana caudal na superfície da água, afaste-se, avisa o ICNF. Natação evasiva e repetido afastamento da embarcação, assim como o prolongamento do tempo de mergulho e golfinhos adultos com movimentos para afastar as crias são também sinais de que chegou a hora de ir embora.
Os que estão habituados a lidar com os golfinhos conhecem bem o código de conduta. Mais do que isso, são capazes de identificar cada um dos exemplares, através de marcas naturais existentes nas barbatanas e que lhes deram o nome. O Esporão, o Raiz ou, os mais jovens, Sereia, Lua e Bolinhas são alguns dos residentes Há atualmente vários operadores turísticos que organizam passeios marítimos e sabem vários segredos sobre esta família de 29.
Suba aqui a bordo d’O Esperança, o catamarã da Vertigem Azul que observa os golfinhos do Sado há mais de 20 anos, em pleno respeito pelo seu estado selvagem.