Com cinco pisos e 26 quartos, o palácio situa-se em pleno Parque Natural da Serra da Arrábida, num terreno com 600 hectares. Em frente tem uma praia e vistas de cortar a respiração. É um pedaço de história fascinante, mas está abandonado. Ainda será propriedade da família de Xavier de Lima, um dos maiores construtores portugueses, falecido em 2009.
A origem do Palácio da Comenda remonta ao século XVIII como um complexo industrial romano de salga de peixe, tendo posteriormente tido a função de torre de vigia medieval e finalmente dado origem à plataforma de São João da Ajuda. Em 1872 é vendido por D. Maria (Rainha de Portugal) ao Conde Abel Henri D´Armand, por cinco contos de réis. Tendo em conta que a construção existente era de pequena dimensão, o aristocrata francês encomendou a construção do palácio ao arquitecto português Raul Lino.
Reza a história que o Conde D´Armand fez uma exigência particular ao então jovem arquiteto: teria de passar uma noite de luar onde iria ser erguida a casa ainda antes de iniciar o projeto, de modo a sentir o espírito do local e criar algo em plena harmonia com a luxuriante paisagem. Assim foi e o resultado ficou sublime. Ainda hoje se percebe isso mesmo apesar da enorme degradação a que o edifício está sujeito.
Entre as várias personalidades da aristocracia e da política que passaram pelo Palácio da Comenda a convite dos condes D’Armand, a mais conhecida é a viúva de John F. Kennedy (35.º presidente dos Estados Unidos da América). Após o assassinato do marido, em 1963, Jacqueline Kennedy e os seus filhos recolheram-se na casa dos amigos franceses, procurando apaziguar a dor entre a Arrábida e o rio Sado.
Votado ao abandono, o espaço é frequentes vezes explorado por jovens, sozinhos ou em grupo, alguns apenas por curiosidade outros para furtar ou vandalizar o que resta.
Entre os elementos mais evidentes da decoração sumptuosa do palácio estão os painéis de azulejos, da autoria do ceramista José António Jorge Pinto. Falamos de autênticas obras de arte, destacando-se o painel da Nossa Senhora da Ajuda, na fachada norte, outro em azul e branco com motivos naturalistas, na varanda do piso superior, e o da própria Casa da Comenda, na escadaria de acesso pela fachada Norte.
Assim sendo, se tem 45 milhões de euros, faça favor de investir! Setúbal agradece e o país também. É que há sítios que não merecem estar ao abandono...