Ao descer a estrada de acesso ao Portinho da Arrábida, é preciso virar à direita em frente ao lar de férias da Casa do Gaiato, aí, do lado esquerdo, está um pequeno acesso e uma descida de duas centenas de degraus irregulares, cinquenta metros em altura.
A meio do caminho, está um banco de pedra que é um convite para fazer uma pausa. Abrande e inicie um momento de reflexão. Ouça o mar, os pássaros… a generosa natureza.
Continue a descer até avistar um cruzeiro, feito em brecha da Arrábida. Pouco depois chega a uma zona mais ampla. De um lado está uma admirável paisagem sobre o mar,que se envolve com o verde intenso da Arrábida, do outro, uma espécie de abertura na rocha que dá acesso a uma escadaria na escuridão. É hora de tomar decisões e confiar.
Construída no século XVIII tem um pequeno telhado que serve para proteger os nichos, onde já estiveram as imagens de Santa Margarida, Santo António e Nossa Senhora da Salvação. As imagens originais desapareceram, mas há dezenas de outras que foram sendo levadas por visitantes, também fotografias e até objetos pessoais.
Conta-se que a tripulação de um barco cristão se refugiou nesta gruta quando fugia de piratas. A embarcação dos corsários encalhou nas rochas, permitindo a sobrevivência do grupo de cristãos. O altar foi erguido como forma de agradecimento pela proteção divina.
Não espere encontrar um lugar bonito. Chega até a ser um pouco perturbador. Muitas vezes, mesmo que não esteja ninguém, há velas acesas e é bem capaz de encontrar vestígios de bruxarias. Há também grafitis, sinais de vandalismo e algum lixo no chão.
A gruta tem cerca de 20 metros, mais duas salas pequenas, e há uma espécie de coluna natural que parece suportar o enorme peso para que o altar seja aberto a todos, cristãos e pagãos. As ondas estão mesmo ali a bater nas rochas. Ouvem-se bem e sente-se-lhes a frescura. Há um magnetismo poderoso. O mistério adensa-se quando sentimos uma espécie de ligação direta à força do mar. Confiança. Serenidade. As sensações inundam-nos.
A saída da gruta faz-se pelas escadas, numa simbólica subida em direção à luz, carregada de energia positiva.