A profissão despertou-lhe uma paixão impossível de disfarçar por uma região em movimento. Licenciado em Ciências da Comunicação, com especialização em Jornalismo na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade NOVA de Lisboa, é atualmente jornalista na revista Evasões e colabora com o Setubalense - Diário da Região.
Tem-se afirmado como jornalista de lifestyle, mas rende-se com facilidade às pequenas histórias de resiliência e entusiasmo do povo sadino.
Acredita que é preciso valorizar e preservar caraterísticas únicas e dar mais oportunidades aos jovens. Entre linhas, conta ao mundo o que de melhor há na região. A nós, revelou-nos alguns segredos da cidade...
A minha paixão pela cidade tem muito a ver com a forma como eu próprio tenho olhado para ela, ultimamente: com outros olhos, uma perspetiva diferente daquela que tinha até não há muito tempo. Se quando era criança e mesmo adolescente achava (tal como a maioria dos meus amigos) que Setúbal era uma cidade com pouco ou nada para fazer, no que toca a atividades de lazer, espaços de diversão, oferta cultural e que tudo se resumia a algumas saídas a pé, jantares fora e idas à praia, à Baixa ou ao cinema, hoje vejo tudo de uma forma completamente diferente. Isso deve-se, creio eu, à maturidade que entretanto ganhei - tanto a nível pessoal como profissional (uma vez que sou jornalista) - e que me mostrou que fazia sentido ter outra atitude perante o sítio onde moro: uma atitude positiva, otimista e confiante nas potencialidades da cidade e de quem a faz melhor todos os dias. Creio que a paixão que transmito ao falar de Setúbal reflete um pouco de tudo isto, e é ainda maior quando falo da cidade a pessoas de fora.
Setúbal é uma cidade encantadora por muitos motivos sobejamente conhecidos, que nos tomariam horas a descrever - as paisagens, o património material e imaterial, a gastronomia e as tradições. Mas é também inspiradora quando revela talentos únicos nas mais diversas áreas, como na dança, na investigação académica, na cultura, na música ou na moda. Quando faço jornalismo local - de “ir ao fundo da rua”, como gosto de dizer - apaixonam-me essas histórias, que podem ser tão simples quanto um grupo de jovens se juntar para apanhar lixo ou uma turma de secundário estar a desenvolver, nos tempos livres da escola, um projeto de informática que se vem a revelar vencedor a nível internacional, por exemplo. São as histórias que se escondem por aí, protagonizadas por setubalenses empenhados em criar valor em Setúbal, que me inspiram na minha profissão e me fazem gostar cada vez mais da cidade.
Um dos aspetos que para mim tem sido mais inspirador é também a capacidade que Setúbal vem mostrando, nos últimos anos, de se renovar e afirmar no mapa nacional e internacional, em várias áreas. O exemplo perfeito é o do turismo. Não é um processo fácil, mas estou convicto de que encontra cada vez mais bons aliados, tanto na sociedade civil como dos poderes locais e empresariais. Para mim torna-se a cada dia mais evidente o trabalho que toda uma «nova geração» de pessoas está a fazer em Setúbal. Quando digo nova geração refiro-me mais a um elenco de setubalenses (e não só) que olharam com outros olhos para as potencialidades da cidade e da região e quiseram arriscar nela, abrindo restaurantes, lojas, hostels e projetos de todo o tipo. São pessoas que a meu ver trouxeram visões de negócio contemporâneas e uma lufada de ar fresco àquilo que eram os hábitos sociais e culturais já instalados. Há muito que Setúbal precisava de um incentivo como este, que tirasse partido, tão benéfico e proveitoso quanto possível, da beleza das paisagens, da história do nosso património e da riqueza da nossa gastronomia. E, sobretudo, que fizesse tudo isso com respeito e carinho pela autenticidade e forma de estar tão própria dos setubalenses.
Creio que isso é inegável. Todo o concelho, e a região de uma forma alargada, está a experienciar uma fase de crescimento, sobretudo na área do turismo, que os números de dormidas e receitas económicas comprovam. Basta percorrer o centro da cidade para assistir a uma cena do quotidiano impensável há apenas quatro ou cinco anos: esplanadas cheias na Praça do Bocage em pleno inverno (época baixa do turismo) e estrangeiros a fotografar a estátua como recordação. Prova também de como Setúbal está a viver um período auspicioso a nível internacional são os números que refletem a procura da cidade por parte de estrangeiros - que cá vêm comprar casas ou prédios, para viver ou reabilitar - e a atenção mediática, de âmbito nacional e internacional, que a cidade tem despertado, quase sempre por boas razões.
Os festivais gastronómicos, a Cidade Europeia do Desporto, provas desportivas, as figuras de proa com raízes sadinas que levam o nome Setúbal além fronteiras, a qualidade e beleza das praias, o Mercado do Livramento, o peixe, o moscatel, os doces, os novos negócios, entre tantos outros bons motivos… tudo isso - além do que já referi - tem contribuído para colocar (e manter) Setúbal no radar de tanta gente pelo país e pelo mundo fora.
O melhor da região de Setúbal, quanto a mim, é a sua potencialidade no que à qualidade de vida diz respeito. Temos de tudo um pouco ao pé de nós, e o desafio é saber olhar para essas caraterísticas únicas e conseguir preservá-las e valorizá-las para criar uma cidade melhor para as gerações atuais e vindouras.
Setúbal precisa urgentemente de mais oportunidades de emprego em vários setores para poder fixar os jovens que cá vivem e estudam.
Setúbal tem vários miradouros um pouco por todo o lado, mais ou menos conhecidos, que vale a pena visitar e que dão perspetivas únicas sobre a cidade.
Para quem gosta de pizzas, a Mastigarte. Local de paragem quase obrigatória!
O Artes Café, na Casa da Cultura. Sempre com bom serviço, boa carta de bebidas, boa música e bom ambiente.