Tem carisma e uma mensagem a transmitir. E além de tudo está numa das ruas mais bonitas da cidade. Já aqui lhe falámos na Arronches Junqueiro e agora temos mais um ponto de paragem obrigatória para acrescentar ao roteiro.
A Reborn abriu as portas (no número 95) há um par de meses. Na mesma altura em que Eugénia de Almeida renasceu. Aos 57 anos. É tão possível como criar um belo colar a partir de um CD antigo, um vistoso jarrão com jornais e revistas ou uns brincos originais a partir de uma lata de refrigerante. Dá trabalho, sim. Mas vale a pena!
Que o diga Eugénia. “Todos os materiais descartados são para mim um desafio, e a minha maior satisfação é encontrar uma nova forma de os reutilizar”, diz. Conversa com o InspireSetubal enquanto cria um candeeiro de mesa. O resultado é um efeito quase caleidoscópio, a fazer lembrar o vidro de Murano, embora os únicos recursos utilizado tenham sido papel de jornal já desfolhado e páginas de revistas lidas e relidas.
Eugénia tem esse dom. Assim como o de receber quem passa e espreita a montra. Gosta de desafiar os visitantes, sobretudo os mais pequenos, a pegar e a experimentar as peças. Sem receios porque esta arte tem uma função. Nasceu com um propósito.
Dedicou-se durante mais de três décadas à gestão na área da distribuição alimentar. Em 2017, por reestruturações internas da empresa onde trabalhava, ficou desempregada. A paixão pelo artesanato já lá andava, pelo sótão de casa…
“Ao longo de vários anos o conhecimento das técnicas e a precisão na sua aplicação foi crescendo e a pesquisa contínua de novos materiais, técnicas e tendências de design ajudaram a desenvolver a minha identidade como criadora”, refere.
Autodidata, é certificada pela CEARTE como artesã na arte de trabalhar papel e de fabrico de bijuteria. Assume que é inspirada pelo artesanato tradicional, da cestaria à cerâmica, da joalharia aos bordados.
Eugénia de Almeida quer que a sua oficina seja “um exemplo simples de sustentabilidade e de economia circular inserido no seu meio, e onde a reutilização de materiais descartados acrescenta beleza à beleza das peças”. Porque às vezes é possível nascer de novo, e nascer melhor.