A Casa Mateus remonta a 1927. Estava noutro local e começou por ser uma taberna de pescadores. Depois foi restaurante e hospedaria. Mudou de donos. Fechou. Mas há seis anos, Pedro Mateus, com a ajuda dos pais, pegou no negócio iniciado pelo seu avô. Ele e o pai ficaram com a sala, a mãe tomou conta da cozinha.
A localização é outra, mas depressa o espaço deu nas vistas. E embora seja discreto e sossegado tem sempre burburinho à porta. Assim que entrámos percebemos porquê.
Para começar pedimos queijo assado e tomilho, com fatias finas de pão ligeiramente torrado (6,40€). Havia também amêijoas com azeite, limão e coentros (13.80€), mexilhões com caril verde e lima (12.30€), croquetes de rabo de boi (2.25€/unidade) e outros.
A seguir, a ementa apresenta os pratos de peixe como “Tudo o que vem à rede…” e os de carne, numa lista resumida a três itens, como “Peixe não puxa carroça”.
Íamos com o mar no pensamento, por isso escolhemos o polvo com batata ao sal, pimento e alho francês (14.50€). O polvo estava muito, mas muito, tenro e todo o prato apresentava paladares equilibrados, ligados de forma suave e sem grandes contrastes.
Para partilhar, optámos pelo caril verde com lagosta, camarão e mexilhão (19.25€). A estes ingredientes acrescentam-se medalhões de garoupa ou outro peixe grande, por norma mero.
Na carta encontra também a caldeirada de um pescador, para duas pessoas (28.30€), a massada de peixe, hortelã e limão ou o bacalhau da Islândia com romesco, amêndoas e ovo BT (cozido a baixa temperatura), ambos a 14.25€.
Para quem prefere carne as opções são da cervejaria, um bife à portuguesa (13.80€), lombo de novilho e chimichurri (19.15€) e rabo de boi com batata doce e agrião (14.50€).
A cozinha é franca, generosa e apaixonada. “Num menu que muda à época, os pratos são todos de raiz portuguesa, mas transformados através de inspirações numa cozinha mais moderna e sofisticada”, refere a gerência.
Se pensa que estamos a exagerar veja só o que pedimos para sobremesa. Creme brulée (5,40€). Frio em baixo, quente em cima. Queimado no momento, super cremoso, com um praliné de avelã divinal. O crocante do açúcar queimado e avelã torrada com flor de sal não nos saem da cabeça.
A carta de sobremesas (todas a rondar os 5€) é surpreendentemente deliciosa. Mousse de manjericão e morangos, chocolate e pistachios, tarte de limão merengada e uma fatia de chocolate, caramelo e banana. Não é preciso usar verbos, nem adjetivos.
Na Casa Mateus vai ser apanhado de surpresa. Comer bem, num ambiente tranquilo e intimista, ideal para desfrutar cada prato com serenidade e, depois, sair e dar um passeio pela calçada. De olhos no mar, barriga composta e alma repleta.