Azul Bacalhôa
Entrevista João Maria Setúbal a cores
18th September 2018
5 petiscos para dizer adeus ao verão
20th September 2018Há o azul celeste, o cobalto, o turquesa, o índigo… E depois há o azul Bacalhôa.
Elemento de destaque na quinta com o mesmo nome, situada em Azeitão, é um pigmento único que dá cor a um vinho e identidade a um espaço da primeira metade do século XVI, considerado um dos mais bonitos ainda existentes em Portugal.
O centro da Quinta da Bacalhôa é o palácio, antiga propriedade da Casa Real Portuguesa e hoje nas mãos da família Berardo. O palácio é lindo e o jardim que o envolve uma autêntica jóia, cheia de recortes e pormenores. Vale bem um passeio demorado.
O azul, poroso e profundo, marca a parte mais moderna, que fica a cerca de três minutos de carro, na zona que envolve a Adega Museu. Para os entendidos na matéria, falamos do azul ultramarino ou do azul Klein (patenteado pelo pintor Yves Klein, em 1960). Inesperado e surpreendente, ganha uma nova dimensão. Está em pequenos apontamentos, mas também em grandes detalhes, como o gigante cão, de nome BAC, que guarda o jardim e as oliveiras.
A visita à propriedade é enriquecedora e não se esgota no azul, que só por si já dá excelentes fotografias.
Este é um lugar tranquilo, relaxante, onde pode encontrar, por exemplo, o primeiro azulejo datado em Portugal ou conhecer peças únicas da coleção de arte privada do Comendador, como o Walls of Sound, de William Furlong, uma instalação de paredes sonoras que se erguem entre a vegetação.
No jardim celestial (para condizer), há uma serenidade ímpar. Está pejado de esculturas e, apesar da proximidade com a estrada, ouvimos o barulho do vento a passar por entre as folhas das árvores, uma das quais também azul! Há ainda a representação dos soldados do famoso exército chinês de terracota que surgem caiados deste tom aveludado.
E, claro, aqui também se provam e compram vinhos.
O Casal Mendes Blue (3,49€), de que já lhe falámos lá em cima, é mesmo azul. Refrescante, convida a conversas prolongadas com os amigos.
O Museu está muito vocacionado para apreciadores de arte, com completa e vasta informação.
Que em Setúbal o mar é azul-paraíso já lhe tínhamos dito. Que há dias em que o céu se confunde e se embrulha com a água criando um azul mesclado também. Mas na paleta da região, há lugar para este azul intenso, que acompanha com vinhos e com arte, que sabe a história e a modernidade ao mesmo tempo. Esse lugar chama-se Bacalhôa.
As visitas guiadas funcionam todos os dias, exceto domingos e feriados, das 10H00 às 15H00 (outros horários sob consulta).
- Adega/Museu Bacalhôa - 3€
- Palácio da Bacalhôa (duração 1H30) - 8€ inclui prova de vinhos
- Palácio da Bacalhôa + Adega/Museu Bacalhôa (duração 2H30) - 10€ inclui prova de vinhos
